quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mulheres...






Acho que está na hora de uma trégua. Não cabe mais essa disputa velada que nos persegue. Essa tentativa vazia de realizar debates ideológicos, motivados pelo afã de se mostrar acima um do outro, como baixinhos que se sustentam instavelmente sobre os ombros dos mais altos.
Está mais do que na hora de nos redermos. A supremacia não nos pertence. Os homens devem depor as armas invisíveis que empunham, das palavras vis que levam na língua afiada, desmedida e inconseqüente. Nos gestos largos e grosseiros. Vamos ser francos, quem somos nós para querer ser melhor que as mulheres?
São mais dedicadas do que nós. Costumam se dedicar com muito mais afinco a tudo que fazem. São mais caprichosas. Dão requinte a um simples conjunto de objetos, de conde conseguem perceber possibilidades de combinações harmoniosas e próximas da perfeição. São soberanas em suas qualidades organizacionais.
Capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Conversam e realizam tarefas. Ouvem e observam com habilidade de atenção invejável. São atenciosas e percebem sensações obscuras, que mesmo se fossem obvias poderiam passar despercebidas aos olhos dos espécimes masculinos. Capazes de manusear instrumentos os mais complexos com maestria profissional, sem perder o esmalte das unhas.
Suportam mais dor física que qualquer homem, por mais que se derretam com as cenas mais piegas dos filmes de romance. Isso é de uma sensibilidade extrema. Sabem controlar as emoções na hora certa, por mais que se deitem com a cara enfronhada nos travesseiros, por desilusões amorosas.
Dedicam-se a estar belas com esforço desumano. Suportam sessões de tortura em salões de beleza, de onde saem com um belo sorriso no rosto e mais lindas do que se poderia imaginar. Pintam-se, cortam-se, depilam-se, e ainda estão prontas para uma noite de festa para dançarem sobre um par de sapatos com suportes pontiagudos que nenhum homem em sã consciência se dedicaria a calçar.
São capazes de amar as mais simples das criaturas. A ver beleza em tudo, mesmo em bichos de pelúcia, para os quais os olhos masculinos não vêem qualquer predicado de exaltação. De se emocionar com  algumas músicas, rebolar sob o som de outras. De se encantar com pequenas coisas, como andar de mãos dadas, ou ficar deitada sobre o peito do homem amado.
Elas são mais estudiosas, mais dedicadas ao trabalho, mais organizadas, mais habilidosas em questões de casa e da vida. Sábias, têm exemplos que, mesmo que não sirvam para si mesmas, caem como uma luva para quem precisa. Preparadas para enfrentar a vida, podem criar filhos e trabalhar fora, sem marido para as auxiliarem, se for o caso. Não precisam mesmo de homem, necessariamente. Autônoma e decidida, assim as fêmeas humanas são.
Pobres homens que se julgam superiores as mulheres. Quem somos nós, pobres insetos, sob a luz da hegemonia dessas belas criaturas. Mulheres! Sejam vocês brancas, negras, morenas, pardas, vermelhas, louras, de cabelo liso, crespo, curto ou comprido. São as mais belas representações da natureza.
Vieram ao mundo para desfilar, para demonstrar a verdadeira beleza da espécie humana. Não se pode negar que mulher é um ser humano mais belo que o homem. Mesmo vocês mulheres, apaixonadas por seus pequenos homenzinhos sabem que tem melhor requinte. A tua aura é tão grandiosa que nos deixa iludir com a crença de que são nossas.
As mulheres pertencem à natureza, assim como o céu, o mar e as estrelas. De nossa parte, somos seus apreciadores, seus eternos admiradores e lacaios. Devemos reverenciar a vossa existência a cada dia de nossas vidas. E aquelas que nos permite tocá-las, ouvir-lhe a voz, ter seus olhos fitos em nós, a essa nossa veneração e gratidão infinitas, pois fomos sagrados com o mais amplo dos merecimentos.
A felicidade existe porque existem as mulheres. Nada haveria de ser da vida se não houvesse essas criaturas divinas a nos encher de alegria. Conquistas, acumulação de riqueza, poder e fama não são nada frente à ausência de uma bela rainha a quem haveremos de prendar com nossas melhores especiarias.
Mulher, eu somos seus eternos devotos. Somos seus, estamos entregues ao teu poder de nos levar contigo, na perdição de teu olhar, no requinte de teu andar, no teu poder mágico de nos deixar envolvidos sob teu encanto, de nos envolver a nos fazer dizer: o que seria de nós sem vocês?
Seriam apenas mais criaturas sem eiras nem beiras, entregues aos ditames do mundo e da vida e para quem a felicidade seria como uma miragem em um deserto de sol forte e areias que cegam. Estaríamos entregues a própria sorte, em um mundo imenso e sem horizonte de realizações que nos permitisse encontrar sentido e viver.
Vamos parar com essa coisa de querer ser melhor que vocês. As mulheres são o que de bom os homens não têm. Com vocês somos vivos, somos falsamente poderosos, por que nos permitem isso. Somos teus e assim permaneceremos para todo o sempre. O que seria de nós sem vocês? Homens apenas, apenas homens.


Um Texto de Robson Braga

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